Em fim chegou o grande dia. Emprestar um caminhão para levar o carro até o autódromo não foi problema. A F 4000 do amigo Haroldo foi uma mão na roda. E num belo sábado de sol, 29 de junho de 1985, lá fomos nós, com o “Chiquinho” na boleia da F 4000, rumo ao autódromo Moacir Piovesan de São José dos Pinhais PR.
Um fato curioso aconteceu durante a travessia da cidade de São José dos Pinhais. Nós, meio que distraídos e conversando, de repente alguém gritou: “OLHA A LOMBADA”. E nisso o “Chiquinho afundou o pé no freio até onde deu. Mas já era tarde. O caminhãozinho deu um pulo e só parou depois da lombada. E assim o Opala, que caprichei tanto na pintura, já chegou com a frente amassada no autódromo. Na freiada brusca os calços correram e o carro foi de encontro à parte frontal da carroceria da F 4000. Ainda bem que a carroceria agüentou a pancada.
Já no autódromo, estava na hora de fazer o motor roncar. Assim que foi liberada a pista para os treinos livres, lá estava o Horst, faceiro da vida, esquentando o motor e reconhecendo a pista. Depois de algumas voltas os tempos foram já foram baixando.
Na época treinos livres eram liberados para todas as categorias. Treinavam Fuscas, Chevettes, Fusca-cross, Gol, Opalas, Dodgões, em fim tudo misturado. E não é que o Horst levou um corridão de um Fusca-cross na reta principal?
Na volta seguinte ele entrou no Box e disse que “se essa bosta não andar mais eu desisto”.
Ma se era só um cabo de vela caído. Com só 5 cilindros funcionando, não podia render mesmo.
Com o cabo engatado e mais uma ajeitada no carburador, na próxima volta ele já não conseguiu fazer a curva no final da reta. Passou reto e rodou, se não tinha feito um carreiro no meio do mato. Mais algumas voltas e de repente, ao passar pelo retão o motor veio fazendo um barulho muito estranho.
“Estourou a junta do cabeçote” alguém gritou.
Dito e feito. A junta já era. E pior, ao examinar o cabeçote o mecânico Ricardo Reka notou uma pequena rachadura entre os dutos de água, o que provocou o estouro da junta.
Bom o jeito era improvisar. Comprar uma junta nova, não foi difícil. O Segantini que preparava outros Opalas, tinha uma. O problema era o cabeçote.
O mecânico Reka então resolveu colar com Durepoxi. Isso mesmo com Durepoxi. E o troço agüentou. Se me contassem eu não acreditaria.
Mas com todo esse transtorno o treino de classificação já tinha terminado e assim largaria em último.
Mesmo largando do final do grid, conseguiu avançar até o 5º lugar . Ai já quase no final da corrida, faltando umas 6 voltas, ele caiu para o 6º lugar. Quando passou na frente dos boxes parecia que o cockpit estava cheio de fumaça. O que teria acontecido?
Vocês precisavam ter visto o Horst na hora que ele desceu do carro após o termino da corrida. Parecia que tinha tomado um banho de talco. A cara, em fim o macacão que era azul escuro, tudo ficou branco.
Com a trepidação quebrou o suporte do extintor de incêndio que estava fixado no assoalho do carro, no lugar onde ficava o banco dianteiro direito. E a cada feriada ele batia na parede corta-fogo e esguichava o pó branco pra tudo que é lado. Não sei como ele agüentou fazer 6 voltas daquele jeito. Conta ele que ficou dias cuspindo pó branco. Mas acho que era exagero da parte dele. Sei lá!
Mas o mais importante de tudo foi que voltamos com um troféu, mesmo pequeno, de 6º lugar, para casa.
ATE+
hahahaha espetacular!!!
ResponderExcluirJá tinha lido, e mesmo assim é fantástico. Tanto quando contamos ou ouvimos histórias, conseguimos imaginar todas as cenas como se as vivêssemos naquele instante. Show!
ResponderExcluirÉ isso ai Edgar.
ResponderExcluirObrigado pela visita.
Abraço.